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Portugal no relatório do PNUD

Pedro Pinto *

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Portugal ocupa desde há três anos a 28ª posição no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), um indicador que pondera a esperança média de vida, o bem estar geral, o rendimento per capita, a alfabetização e a escolarização em cada uma das sociedades.

Entre os 162 países, Portugal é o mais corrupto e o menos desenvolvido da União Europeia, agora atrás da própria Grécia, mas um dos que mais evoluiu no mundo ao longo dos últimos 25 anos, a par do Egipto, Indonésia e República da Coreia.

Uma significativa melhoria que não impede a economia portuguesa de ser a segunda mais pobre entre os Quinze, a 27ª mais rica do mundo. 3.807 contos (16.064 dólares), é o rendimento médio anual de cada português, valor que apenas supera o da Grécia com 3.653 contos (15.414 dólares), e que nos coloca longe dos mais ricos.

O Luxemburgo, no topo da lista mundial, apresenta um rendimento per capita anual de 10.136 contos (42.769 dólares), à frente da Suécia com 6.738 contos (28.433 dólares), Irlanda com 6.738 contos (25.918 dólares) ou Espanha, 4.284 contos (18.079 dólares).

Apesar da baixa classificação em matéria de rendimento, a riqueza gerada anualmente em Portugal é ainda duas vezes e meia superior à média da Europa Ocidental, pois a inclusão nesta da Comunidade de Estados Independentes fez cair os ganhos per capita para os 1.490 contos (6.290 dólares). 

As diferenças de rendimento reflectem-se depois noutros aspectos sociais: a esperança de vida em Portugal, 75,5 anos, é igualmente a mais baixa da Europa, menos quase três anos que cada grego ou espanhol. Cabe ao Japão o recorde de longevidade: cada cidadão vive em média 80,8 anos.

Portugal junta ainda uma característica marcadamente negativa neste relatório do PNUD: é o país mais corrupto da União Europeia — embora esta avaliação não inclua países como a Itália, Espanha ou Grécia — com 1,4% deste tipo de crimes, à frente da França (1,3%), e longe dos países nórdicos como a Dinamarca (0,3%), Finlândia (0,2%) ou Suécia (0,1%). No fundo, uma característica que na Europa é apenas ultrapassada pelos países de Leste. Estónia (3,8%), Polónia (5,1%), Lituânia (11%) e Geórgia (21,9%) são os mais corruptos. 

De positivo, a taxa de desemprego, uma das baixas entre os países da OCDE: 4,5% da população activa em 1999, um terço menos que a Espanha (15,9%), quase quatro vezes menor que a da Grécia (12,9%), metade do valor da Finlândia (10,2%) e na Europa apenas ultrapassada pelo Luxemburgo (2,9%) e Holanda (3,9%).

Em termos ambientais, os portugueses são os menores poluidores per capita em matéria de emissões de dióxido de carbono na União Europeia, com metade do nível da Alemanha, Irlanda e Bélgica, e um quarto do valor de cada cidadão americano, de longe os maiores poluidores entre os países da OCDE.

Uma tendência positiva que se estende ao campo da criminalidade, onde Portugal regista os números mais animadores entre os que constam das estatísticas: 15,5% da população já foi vítima de crime, contra 18,8% na Áustria, 21,4% na Bélgica e 23% no Reino Unido.

 

Um mundo em números

Apesar de na Cimeira do Milénio das Nações Unidas, decorrida em Setembro de 2000, os líderes mundiais terem acordado num plano com vista ao desenvolvimento e erradicação da pobreza, metas a atingir até 2015, a ONU alerta para o não cumprimento dos propósitos então traçados.

O Relatório do Desenvolvimento Humano 2001 frisa que 93 países estão ainda longe de começar a reduzir para dois terços a mortalidade de menores de cinco anos. Onze milhões de crianças morrem anualmente vítimas de causas que se poderiam prevenir.

Também mais de mil milhões de pessoas, 1/5 da população mundial, ainda não tem acesso a água potável e vive com menos de um dólar por dia. Mais grave é que setenta e quatro países, que representam mais de um terço da população do planeta, não estão em condições de até 2015 reduzir para metade esta privação de rendimentos.

Ao nível dos países da OCDE, alguns valores merecem referência e reflexão: 130 milhões de pessoas são pobres, 34 milhões estão desempregadas e 15% dos adultos sofrem de analfabetismo funcional.

O Índice de Desenvolvimento Humano aponta agora a Noruega e a Austrália como os países onde o bem-estar é mais elevado — uma classificação impulsionada pelos dados de esperança de vida e escolarização — e relega para terceiro lugar o Canadá, em primeiro nos últimos seis anos.

Os Estados Unidos desceram igualmente de terceiro para sexto, penalizados pelos valores da escolarização e esperança de vida, sobretudo esta última variável, que os coloca inclusivamente atrás da Grécia, embora sejam segundos, atrás do Luxemburgo, em rendimento per capita.

De destacar, pela negativa, a Serra Leoa. Uma criança aí nascida hoje morrerá, provavelmente, antes de atingir a idade de 39 anos. Neste país africano, apenas um terço da população sabe ler e cada habitante sobrevive com pouco mais de um dólar por dia.

África é neste contexto um continente símbolo pela preocupação que gera: os últimos 28 países do índice são todos africanos, apenas metade da população com um ano de idade foi vacinada contra a difteria, tuberculose, tétano, poliomielite e sarampo, e em virtude do HIV – sida, 20 países sofreram quebras em termos de esperança de vida.

Em seis deles, o decréscimo foi superior a 7 anos. Uma situação muito diferente daquela que se vive no hemisfério norte: em apenas três décadas uma criança nascida hoje no mundo desenvolvido viu a sua esperança de vida aumentar 8 anos.

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Índice de realização tecnológica: um outro olhar sobre o desenvolvimento

Este ano o PNUD entendeu consagrar um novo índice, chamado de Realização Tecnológica (IRT). O objectivo é hierarquizar e situar os países de acordo com o seu grau de desenvolvimento em matéria de tecnologia, um pilar cada vez mais fundamental no aferir do seu bem-estar social e económico.

Ao longo das últimas décadas a criação e utilização deste instrumento tem sido responsável por cerca de 50% do acréscimo de longevidade da população feminina, 20% do aumento do rendimento e 30% da melhoria do nível educativo.

O Relatório de Desenvolvimento Humano considera até que, na actual era das redes, qualquer país que falhe na utilização da tecnologia acabará, provavelmente, por se atrasar irremediavelmente no desenvolvimento e ficar marginalizado na economia mundial.

Este indicador de realização tecnológica classifica 72 países em relação ao progresso global na criação e utilização de tecnologia, congregando três diferentes dimensões: a criação de Tecnologia, Difusão de Inovações recentes, Difusão de Inovações já consolidadas e, por fim, Capacidades Humanas.

Nos cinquenta principais centros de inovação tecnológica a nível mundial, incluem-se alguns países com menor nível de desenvolvimento, como a Tunísia, a Índia ou a China, mas cuja existência de um pólo tecnológico de dimensão planetária não é suficiente para assegurar a difusão da tecnologia em todo o país.

Portugal não só não figura neste ranking como entre os treze países da União Europeia analisados pelo PNUD assume o último lugar, atrás da própria Grécia, embora faça parte do grupo dos “líderes potenciais” neste sector, ocupando o 27º lugar dos países com maior Índice de Realização Tecnológica.

Uma posição explicada pelo reduzido número de patentes por habitante (1/7 do nível da Espanha, seis por milhão de habitantes, contra as 289 dos Estados Unidos e as 187 na Finlândia), a diminuta receita de direitos e licenças também por habitante (1/3 dos indicadores espanhóis) e os fracos resultados do sistema educativo, influenciados pelo modesto desempenho da escolaridade, formação tecnológica e científica.

O estudo do PNUD indica que Portugal está actualmente a exportar, em termos relativos, menos produtos baseados em alta tecnologia do que há 20 anos. É até o segundo país da União Europeia onde as exportações de bens de elevada intensidade tecnológica têm menor peso — cerca de 7%, contra 8% em 1980 — com os bens de média e alta tecnologia a representarem 40,7% do total das vendas nacionais ao exterior.

Portugal é também o segundo país da Europa Comunitária em que as exportações de baixa tecnologia representam a maior fatia no conjunto das vendas ao exterior: 36% contra 26% da Grécia, um valor apenas superado pelo Luxemburgo com 37%.

Mais grave é que a dimensão deste tipo de exportações subiu um ponto percentual entre 1980 e 1999, originando uma matriz de vendas ao exterior que mais se aproxima de países como a China (44% de exportações de baixa tecnologia), Turquia (47%) ou Roménia (48%) do que de países como a Espanha (16%), a Alemanha (13%) e a Suécia (12%).

Neste Índice de Realização Tecnológica, a Finlândia ocupa o primeiro lugar — o país com a maior percentagem de pessoas a utilizar a Internet e de indivíduos com formação em ciências avançadas — seguida dos Estados Unidos, uma vez que este indicador não mede o poder tecnológico nem a liderança mundial; de outra forma a ordem seria provavelmente, neste caso, inversa.

Depois, seguem-se a Suécia e Japão. Países mais recentemente industrializados ocupam igualmente uma importante posição: República da Coreia, em quinto lugar, à frente do Reino Unido e Canadá, sétimo e oitavo, ou Singapura, Alemanha e Noruega, décimo, décimo primeiro e décimo segundo, respectivamente.

Em matéria de tecnologia, as diferenças entre o Norte e o Sul são ainda mais marcantes, isto apesar de as Nações Unidas realçarem a importância deste instrumento na redução da pobreza mundial.

Os países da OCDE, que albergam apenas 4% da população mundial, são responsáveis por 79% dos utilizadores de Internet, que chega apenas a 0,4% dos habitantes da África a sul do Sara.

Uma Internet que cresceu de 16 milhões de utilizadores em 1996, para 400 milhões em 2000 e deverá atingir os mil milhões, menos de um quinto da população mundial, em 2005. Um aumento brutal, claro está, impulsionado maioritariamente pelos países da OCDE, onde existe uma linha telefónica principal para cada 2 pessoas, uma relação 100 vezes superior ao que acontece nos países em desenvolvimento: 1 para 200.

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* Pedro Pinto

Licenciado em Relações Internacionais pela UAL. Mestre em Desenvolvimento e Cooperação Internacional pelo ISEG. Jornalista da TVI.

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Dados adicionais
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Link em nova janela O Mundo em números

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