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Janus 1997



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Investimentos Bilaterais

Manuel Farto e Luís Graça *

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A integração das economias ibéricas na Comunidade Europeia constitui uma oportunidade para ultrapassar as ancestrais desconfianças e preconceitos entre os dois países, proporcionando as condições de uma integração económica peninsular, cujo progresso é hoje visível em múltiplos aspectos da actividade económica, designadamente na intensificação das trocas comerciais e dos investimentos recíprocos.

Os quadros 1 e 2 apresentam os investimentos directos bilaterais líquidos entre Portugal e Espanha desde 1984. Eles evidenciam em primeiro lugar a insignificância dos fluxos de investimento respectivos em 1984 (e anteriormente), ano em que o investimento espanhol em Portugal representou apenas 2,6% do investimento total directo aqui realizado e o investimento de Portugal em Espanha foi inferior a 1% do investimento que na época Portugal realizava no exterior.

Desde a adesão dos dois países à Comunidade Europeia as suas relações em matéria de investimento directo sofreram uma transformação radical ultrapassando o investimento espanhol em Portugal os 28% (situando-se em segundo lugar no "ranking") das importações portuguesas de IDE em 1993, enquanto a exportação do capital português para Espanha se elevava, no mesmo ano, a 74%, constituindo-se como o principal destino do capital de base portuguesa. No conjunto do período entre 1984 e 1993 a Espanha realizou 15% do total do IDE efectuado em Portugal enquanto este país realizou em Espanha 49% do total da sua exportação de capital investido de forma directa. Apesar das oscilações verificadas esta tendência manteve-se em 1994 e 1995, anos em que o investimento espanhol totalizou 686 milhões de contos e o português 169 milhões.

 

Fluxos sectoriais e tipos de operação

Embora os fluxos de investimento flutuem significativamente entre os diversos sectores da actividade é possível verificar no gráfico Investimento Directo Bilateral Por Sectores de Actividade 1984/93, uma razoável tendência para a definição de investimentos cruzados privilegiando os sectores da indústria transformadora, (em particular as indústrias de minerais não metálicos que, no sub-período de 1988-92, absorveram 1/3 dos investimentos da Espanha em Portugal e 90% do investimento de Portugal em Espanha no sector industrial), o sector financeiro (banca, outras instituições financeiras, seguros, etc.), situando-se em terceiro lugar as actividades de comércio e distribuição, embora a distância considerável.

Em termos do tipo de operação através do qual se efectuam os fluxos de investimentos entre os dois estados ibéricos, verifica-se igualmente alguma tendência para a concentração das preferências. Prefere-se as aquisições e as ampliações, embora as primeiras sejam de longe a modalidade preferida pelos portugueses e as segundas pelos espanhóis, como se pode verificar pelo gráfico Investimento Directo Bilateral Por Tipo de Operação 1989/93. A constituição de empresas é significativa no caso do investimento directo espanhol em Portugal mas muito reduzida no sentido inverso. De qualquer modo, a actuação de Portugal neste domínio é menos multiforme e dispersa que a da Espanha, indiciando porventura a menor capacidade de internacionalização por parte da economia portuguesa no seu conjunto que assim se limita, sobretudo através de algumas das suas grandes empresas, a chamar a si posições e actividades já existentes.

Por outro lado, a natural desigualdade entre os fluxos manteve-se, apesar de tudo, relativamente moderada atendendo à dimensão relativa dos dois países, constituindo o fluxo acumulado de Portugal para Espanha entre 1984 e 1993, cerca de 46% do fluxo inverso de Espanha para Portugal. Tendência que parece todavia querer ampliar-se nos anos mais recentes de 94 e 95 em que no conjunto destes dois anos o investimento português em Espanha representou apenas 25% do investimento espanhol em Portugal.

É provável que uma das razões deste facto se deva, pelo menos no período mais recente, à posição de intermediação dos fluxos internacionais de IDE exercida pela Espanha em relação a Portugal, uma vez que aquele país tem sido tendencialmente um importador líquido de capitais e um exportador líquido para Portugal, definindo uma hierarquia que torna Madrid o centro estruturante da economia peninsular para o capital internacional. A fraqueza dos processos de internacionalização da nossa economia constitui com certeza outra importante razão daquele desequilíbrio.

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As lógicas empresariais

O número de sociedades com capital do outro país tem acompanhado a evolução referida do investimento, crescendo de modo geral em todos os sectores de actividade. Segundo os dados da Câmara do Comércio e Indústria Luso-espanhola o número de sociedades de capital espanhol operando em Portugal passou de 102 em 1985 para cerca de 3000 em 1995. O que dá conta deste imparável movimento de expansão do capital espanhol para Portugal orientado no sentido de abastecer o mercado português, aproveitar recursos existentes ou eventuais vantagens de localização.

Por seu lado a resposta portuguesa é ainda muito limitada, o número de sociedades de capital português operando em Espanha não ultrapassará em 1995 as 200, o que manifesta a assimetria já assinalada e explicita as dificuldades de internacionalização empresarial da economia portuguesa. Os exemplos da Cimpor com a aquisição da cimenteira galega Corporación Noroeste ganhando uma posição de liderança na região oeste da Península Ibérica, a compra da Tafisa pela Sonae, a expansão da Galp detentora de 2% do mercado espanhol (com mais de 100 postos) ou da Caixa Geral de Depósitos, são insuficientes para disfarçar a realidade ainda fortemente caseira da economia portuguesa.

Parecem desenhar-se assim duas lógicas no movimento empresarial entre os dois países. A da Espanha, apoiada em técnicas de produção e de gestão mais avançadas, possui um carácter mais abrangente, actuando nomeadamente através de empresas de menor dimensão; a de Portugal, mais selectiva e concentrada, apoiada nas suas empresas e grupos mais significativos e progressivos, procura disputar a produção e os mercados de certos sectores mais ou menos estratégicos e/ou certas regiões do país vizinho. Esta estratégia constitui, provavelmente, a única resposta possível nas circunstâncias actuais de desenvolvimento do nosso país à tendência, já referida, para o acentuar da sua condição periférica face à redefinição de estratégias e hierarquias por parte das empresas multinacionais, em consequência do aprofundamento da integração peninsular no quadro da União e do processo de globalização/regionalização da economia mundial.

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* Manuel Farto

Doutorado em Economia, Paris X. Docente no ISEG e na UAL

* Luís Graça

Licenciado em Economia pelo ISEG. Controller de Gestão.

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Dados adicionais
Gráficos / Tabelas / Imagens / Infografia / Mapas
(clique nos links disponíveis)

Link em nova janela Investimento bilateral líquido entre Portugal e Espanha I

Link em nova janela Investimento bilateral líquido entre Portugal e Espanha II

Link em nova janela Investimento directo bilateral por tipo de operação 1989/93

Link em nova janela Investimento directo bilateral por sectores de actividade 1984/93

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