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Janus 2004



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Multinacionais e territórios: sector automóvel

Luís Moita, Rita Araújo, Teresa Castro e Helena Moreira *

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Em contraponto à tradicional análise de tipo geopolítico — relevo dado aos factores geográficos na conduta dos Estados como actores da vida internacional—, está hoje a afirmar-se o termo "geoeconomia", para significar a importância das localizações e das dinâmicas espaciais dos processos económicos. O estudo das relações entre os agentes económicos e os territórios adquiriu um interesse digno de registo.

Ensaiamos aqui uma tentativa de abordagem geoeconómica, no contexto das relações externas da sociedade portuguesa, a partir da inserção territorial de algumas empresas multinacionais que operam em Portugal. Visamos identificar a sua implantação no espaço português e o modo como se relacionam com outros espaços, tentando pôr a claro a rede de interacções e a localização dos centros de decisão.

Os resultados que propomos são modestos, até porque o campo de observação foi limitado: apenas considerámos seis multinacionais, três do sector automóvel (que analisamos neste ponto) e três do sector da electrónica (que analisaremos no ponto seguinte). Além disso, uma advertência se impõe: mesmo quando se podem detectar certas tendências, é imprudente pretender tirar conclusões gerais. Os casos, como veremos, são bastante distintos entre si, as malhas que se criam são complexas e não há leis fixas para o evoluir das situações.

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Calcula-se que existem no mundo cerca de 44.000 empresas multinacionais, que se desdobram num total estimado de 280.000 filiais. Segundo o World Investment Report 1997 da CNUCED, 6.671 dessas filiais localizam-se em Portugal. A esta realidade teria de se acrescentar a quantidade de empresas portuguesas que laboram em regime de subcontratação para firmas estrangeiras, para se obter uma ideia aproximada do grau de interpenetração dos interesses estrangeiros no tecido empresarial português. No sector automóvel, as multinacionais dominam em absoluto a actividade económica. Escolhemos para breve análise três casos característicos: o da Opel, pertença da americana General Motors, o da francesa Renault e o da japonesa Toyota, que investiu na Salvador Caetano. Em todas elas verificamos que as filiais portuguesas têm reduzida margem de autonomia, já que dependem não só da “casa-mãe”, como de outros centros de decisão intermédios. A fábrica Opel da Azambuja depende, é certo, de Detroit, mas também de Zurique e de Bruxelas. Na gestão da produção do Toyota pela Salvador Caetano não está só envolvido o Japão mas ainda a Bélgica. E a própria Renault portuguesa responde perante a França e a Espanha. As competências das filiais reduzem-se frequentemente à gestão corrente.

Acerca deste último país — a Espanha — parece poder concluir-se que a sua influência no terreno das multinacionais que operam em Portugal nos sectores estudados se faz sentir sobretudo no domínio comercial. Num certo número de casos significativos, a distribuição e a comercialização tendem a ser comandadas a partir de Espanha e as partilhas territoriais organizadas para essas funções já não têm em conta as antigas fronteiras nacionais. Os exemplos verificados são concludentes: a distribuição da Renault para o Norte de Portugal é controlada por Valladolid, Espanha coordena a distribuição da Opel para toda a Península, mesmo a Salvador Caetano está comercialmente articulada com a Toyota espanhola. Esse fenómeno há-de ser visto à luz do que tem sido designado como “iberização dependente” (expressão explorada por Lina Coelho em artigo da Revista Crítica deCiências Sociais, de Dezembro de 1995). A tendência para pensar o mercado ibérico como uma unidade aflora assim em vários destes processos.

Ao contrário do que poderia pensar-se, o país de origem da firma multinacional tem ainda um papel determinante nas opções estratégicas da gestão das filiais. Numa altura em que alguns tendem a considerar que as multinacionais se tornaram “apátridas”, já que, ao globalizarem-se, se teriam por completo “desnacionalizado”, os factos parecem apontar para um forte controlo por parte da “casa-mãe” e, portanto, para o peso dos interesses nacionais do país de origem.

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* Luís Moita

Vice-Reitor da UAL.

* Rita Araújo

Licenciada em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Técnica da Direcção de Investimento Internacional do ICEP.

* Teresa Castro

Licenciada em Sociologia pela UAL. Docente na UAL.

* Helena Moreira

Licenciada em Relações Internacionais pela UAL. Docente na UAL.

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Dados adicionais
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