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O peso da China no mundo: comércio externo

Henrique Morais *

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O comércio internacional tem revelado uma intensa dinâmica de crescimento nos últimos anos. Segundo dados da Organização Mundial de Comércio, entre 1995 e 2004, as exportações de mercadorias cresceram a nível mundial 6,5%, em valor, muito acima do crescimento médio anual do produto interno bruto, que se situou em 2,8%.

Esta robustez do comércio mundial tem-se reflectido num aumento substancial do seu peso no produto mundial: o somatório das exportações com as importações que, em 1990, representava cerca de 41,6% do produto mundial, em 2004 era de 56,2% do PIB nominal mundial. No segmento das mercadorias, o peso do comércio aumentou, no mesmo período, de 33,9% para 45,9%.

Por outro lado, entre os grandes blocos comerciais, a China foi aquele em que o peso do comércio em relação ao PIB mais cresceu, passando de 32%, em 1990, para 78,7%, em 2004, o que demonstra uma dinâmica inigualável a nível mundial. No sector das mercadorias, o peso do comércio em relação ao PIB na China é de 72,4%, acima do que ocorre na União Europeia, quando no início dos anos 90 era cerca de metade.

Todos estes dados não só sinalizam a crescente importância que o comércio internacional vem assumindo na economia chinesa, como parecem confirmar uma das ideias mais propaladas em relação a esta economia, ou seja, a sua crescente importância comercial no contexto das nações.

 

Comércio de mercadorias

Detalhando um pouco mais a análise, constata-se que a taxa de crescimento média anual das exportações chinesas de mercadorias no período de 2000 a 2004 ultrapassou os 24%, claramente acima da média mundial de 9,1%. Os dados da década de 90 são igualmente avassaladores, bastando constatar que as exportações da China passaram de 62,1 mil milhões de USD, em 1990, para 593,4 mil milhões, em 2004. Por outras palavras, o peso das exportações chinesas no total mundial aumentou, entre 1990 e 2004, de 1,8% para 6,5%.

Aliás, as estatísticas parecem refutar, a priori , a ideia de que a China é apenas um grande exportador mundial e de que, portanto, a sua participação no comércio mundial seria desproporcionada. Na verdade, as importações chinesas aumentaram, no período em análise e em média, 18,3% ao ano, suplantando qualquer dos blocos económicos em confronto e a média mundial (7,3%). As importações chinesas representam actualmente cerca de 5,9% do total mundial, quando em 1990 se quedavam em 1,5%.

A análise das importações da China deve ser todavia cautelosa, uma vez que “a grande fábrica da Ásia” está a importar sobretudo matérias-primas e produtos intermédios que, posteriormente, são processados e vendidos como bens (quase) finais. Deste modo, a Organização Mundial do Comércio estima que cerca de 80% das importações da China provêm da indústria transformadora, com particular expressividade no sector das máquinas e equipamentos de transporte (46,7% das importações totais). A indústria extractiva representa 12,7% das importações e a agricultura 7,4%, com a curiosidade de apenas 19% das importações de bens agrícolas corresponderem a bens que já haviam sido sujeitos a processamento industrial.

Estes dados parecem indicar que uma parte substancial das importações está, directa ou indirectamente, relacionada com a indústria exportadora chinesa.

Em qualquer dos casos, as comparações internacionais são avassaladoras quanto à evolução do comércio na China: de entre os 4 grandes blocos comerciais mundiais (EUA, União Europeia, Japão e China), foi o único que viu a sua quota-parte no comércio mundial aumentar no período de 1990 a 2004, não só no que diz respeito às exportações, como ainda nos bens importados.

Um caso bem paradigmático deste peso acrescido da China na actividade comercial prende-se com o mercado do petróleo, cujo forte aumento ao longo dos últimos 18 meses está a deixar “nervosos” os mercados internacionais.

Segundo dados da International Energy Agency (dados de Junho de 2005), a procura oriunda da China deverá passar de 4,7 milhões de barris diários, em 2001, para 6,9 milhões de barris, em 2005. No mesmo período, a procura mundial poderá subir de 77,4 para 84,3 milhões de barris diários. Ou seja, a China deverá ser responsável por mais de 32% do acréscimo da procura mundial de petróleo no período em causa, num contexto em que o aumento da procura verificado na China não tem paralelo em mais nenhum país, quer em termos relativos, quer em termos absolutos!

Parece-nos, portanto, absolutamente acertada a ideia de que uma das razões próximas para a forte subida do preço do petróleo se prende com este comportamento da procura da China, por sua vez associado ao dinamismo da respectiva actividade económica e a uma gradual substituição das fontes energéticas industriais, designadamente do carvão.

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Serviços comerciais

Os serviços comerciais (serviços de transporte [cerca de 25%], serviços de turismo [30%] e outros serviços comerciais como comunicações, construção, serviços financeiros e de seguros, serviços de informação e computadores, entre outros, correspondendo a cerca de 45% do total) representam hoje cerca de 18,7% do comércio mundial e, contrariamente ao que se poderia pensar, o seu peso está muito próximo do que se observava em 1990 (cerca de 18,4%).

Também aqui é flagrante o aumento das exportações chinesas, cuja taxa de crescimento média anual entre 1990 e 2003 se situou em 17,4%. No entanto, o peso da China no contexto mundial, embora em aceleração, é bastante menor do que o observado anteriormente no comércio de mercadorias: em 2003, as exportações chinesas de serviços representaram 2,6% do total mundial, enquanto as importações de serviços se situavam em 3,1%. Curiosamente, o crescimento das importações de serviços tem sido superior ao observado nas respectivas exportações (22,1%, entre 1990 e 2003).

Os dados analisados parecem sugerir que a China, sendo um exportador de mercadorias (eventualmente de baixo valor acrescentado) em forte crescimento, se tem confrontado com algumas lacunas no processo produtivo, nomeadamente ao nível da incapacidade de oferta interna de determinados serviços comerciais (nomeadamente de transporte e de comunicações), que tem tentado colmatar com o recurso ao mercado externo.

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* Henrique Morais

Licenciado em Economia pelo Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG). Mestre em Economia Internacional pelo ISEG. Docente na UAL e na Universidade do Algarve. Assessor do Banco de Portugal. Membro do Conselho Directivo do Observatório das Relações Exteriores da UAL.

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Dados adicionais
Gráficos / Tabelas / Imagens / Infografia / Mapas
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