Planisfério na Cosmographia de Cláudio Ptolomeu
 
 

 

O mapa-mundi de Ptolomeu, geógrafo romano do séc. II d.C. só se torna conhecido na Europa cristã através dos árabes. Durante séculos, o isolamento cristão tinha tido os seus reflexos na visão do mundo, produzindo um retrocesso nas formas de conhecimento. Nas últimas décadas do séc. XV, a cultura europeia recupera uma imagem da terra vinda dos clássicos, mas que não importara directamente. Antes de conhecerem a Geografia de Ptolomeu, porém, já os portugueses estavam a descer a costa ocidental africana. As sucessivas edições da Geografia de Ptolomeu vão recebendo influências das novas descobertas. Nesta versão, a África é ainda desenhada com a sua extremidade oriental prolongada até ao extremo da Ásia; o oceano Índico apresenta-se como um mar fechado. Para esta visão do mundo, o périplo de África nunca poderia ser viabilizado — a Ásia nunca seria atingida através do Atlântico. Ptolomeu e Pompónio Mela (seu contemporâneo), entre outros, transmitiam a ideia de que, devido à geografia física, ou a razões climáticas, a navegação para sul das zonas equatoriais seria impossível. Contra esta ideia navegavam os portugueses, que queriam descer o Atlântico Sul. Uma nota importante: na Geografia de Ptolomeu, as nascentes do Nilo têm uma representação muito próxima da realidade, o que significa que os romanos do séc. II dispunham de informações precisas só confirmadas, no séc. XIX, por exploradores científicos que sucessivamente visitaram o território para conhecer a complexa hidrografia da região.