Pesquisar

  Janus OnLine - Página inicial
  Pesquisa Avançada | Regras de Pesquisa 
 
 
Onde estou: Janus 1997 > Índice de artigos > Relações exteriores: movimento de populações e permutas culturais > [Educação e Ciência]  
- JANUS 1997 -

Janus 1997



Descarregar textoDescarregar (download) texto Imprimir versão amigável Imprimir versão amigável

ESTE ARTIGO CONTÉM DADOS ADICIONAIS seta CLIQUE AQUI! seta

Educação e Ciência

Manuel Barroso e Inês Costa Pessoa *

separador

Os sistemas de educação formal e as instituições científicas constituem um vasto mundo onde se organizam permutas culturais e onde se cruzam experiências de ensino, de aprendizagem e de investigação. Grosseiramente, poderá dizer-se que os fluxos de portugueses detentores de bolsas de estudo (estudantes, docentes e investigadores) se dirigem aos países "centrais" (embora, segundo as áreas científicas, se desloquem prioritariamente ora aos EUA ou ao Reino Unido, ora à França ou à Bélgica), enquanto Portugal acolhe predominantemente bolseiros vindos da África lusófona. Para já não falar dos membros das minorias étnicas que, instalados em Portugal, frequentam a escola portuguesa.

A informação organizada sobre esta matéria é infelizmente limitada e os dados disponíveis são extremamente escassos. Só existem estatísticas muito completas sobre os estrangeiros que frequentam as escolas do ensino básico, graças ao Programa Entreculturas do Ministério da Educação. Em contrapartida não obtivemos estudos quantitativos sobre os estudantes africanos que frequentam a universidade portuguesa (um dos poucos trabalhos sobre o tema — "Estudantes africanos em Lisboa" editado pela OIKOS em 1994 — não apresenta qualquer dado estatístico sobre o número dos estudantes em causa). Do mesmo modo, as fontes de informação são tão dispersas e tão volúveis que não conseguimos dados credíveis acerca da presença de portugueses no sistema educativo dos países africanos.

Foi possível obter elementos informativos sobre a "mobilidade" de estudantes e de professores no âmbito do Programa Erasmus (Sócrates) apoiado pela União Europeia. Apesar de circunscrito aos países membros da UE e aos da antiga zona EFTA, esse programa permite o intercâmbio de milhares de jovens que fazem parte dos seus estudos universitários num país estrangeiro, envolvendo dezenas de instituições universitárias.

Para além disso, foi ainda possível reunir um certo número de indicadores sobre o que se poderia chamar o grau de internacionalização da escola e da investigação científica portuguesas. Mais do que noutros contextos, a palavra "indicador" tem aqui o seu real significado. Na ausência de um quadro global, há que recorrer a dados sectoriais (alguns deles, aliás, já um pouco antigos), para tentar observar aspectos fragmentários desse processo de internacionalização.

Não conseguimos saber quantos portugueses se foram doutorar ao estrangeiro; mas podemos saber quantas equivalências a doutoramento foram concedidas pelas universidades portuguesas, entre 1970 e 1992, a diplomas obtidos em universidades estrangeiras; como sabemos quantas bolsas de estudo o Programa Ciência (também ele apoiado pela UE e privilegiando as ciências exactas e a área tecnológica) atribuiu para doutoramentos e mestrados no estrangeiro, entre 1990 e 1993 (embora os processos de formação se arrastem para além desta data); ainda a título de indicador, registámos quantas bolsas foram concedidas pelo Instituto Camões, em 1995, para a deslocação de professores universitários, investigadores e intelectuais portugueses a congressos, conferências ou seminários no estrangeiro. A estas instituições estatais deveriam acrescentar-se muitas outras iniciativas que se prendem com a internacionalização da educação e da cultura, permitindo observar as tendências quanto aos países de destino nos diversos sectores.

Topo Seta de topo

Um caso bem conhecido é o das grandes Fundações. A Fundação Calouste Gulbenkian é pioneira nesta orientação e ainda hoje ocupa um lugar de relevo no domínio do intercâmbio cultural e científico. À parte todas as suas iniciativas culturais específicas (realização de espectáculos e exposições que promovem a interacção entre artistas nacionais e estrangeiros) tem sido notória a sua acção no que respeita à concessão de bolsas de estudo para o estrangeiro. Em 1994 a Fundação atribuiu 91 bolsas de longa duração para domínios como os das Ciências Exactas e Tecnológicas (35), as Ciências da Vida (16) e as Ciências Sociais e Humanas (40), destinadas a centros de investigação do Reino Unido (28), França (16), EUA (15), Alemanha (8), Itália (4), Espanha (3), Suíça (2) e Brasil, Guiné-Bissau, Marrocos e Suécia (1 em cada).

O Serviço de Belas Artes concedeu 23 bolsas para países estrangeiros abrangendo as Artes Plásticas e Artes Aplicadas, História e Crítica da Arte, Estética, Património, Arqueologia, Design, Fotografia, Arquitectura e Urbanismo, Cinema, Teatro, Gestão das Artes, Museologia e Conservação. Por sua vez, o Serviço de Música renovou treze bolsas e atribuiu mais oito para: Canto (3), Composição (1), Cravo (1), Direcção de Orquestra (1), Flauta (3), Percussão (2), Piano (2), Trombone (1), Tuba (1), Violino (4) e Violoncelo (2). Os destinos destes bolseiros foram a Alemanha (1), Áustria (1), Estados Unidos (4), França (4), Holanda (6), Reino Unido (3), Itália e Suíça (1 em cada)

Um outro exemplo é o da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, que tem desempenhado um papel importante no financiamento de programas de cooperação com universidades americanas, apoiando não só a deslocação de portugueses para os Estados Unidos mas também a de americanos para Portugal.

O projecto de Relatório da Fundação indica que em 1995 foram atribuídas 23 bolsas de estudo de pós-graduação, 14 bolsas de longa duração na área cultural, às quais se adicionam 139 subsídios de curta duração e 33 estágios de pós-doutoramento em Universidades americanas. Acrescente-se ainda que 10 jornalistas portugueses beneficiaram de um estágio de um mês e meio no College of Communication da Universidade de Boston.

Fica em aberto um vasto espaço que é o dos cientistas e investigadores. Quantos estrangeiros trabalham em instituições e laboratórios portugueses? Quantos portugueses fazem percurso científico no estrangeiro? Na impossibilidade de obter dados satisfatórios sobre uma realidade tão alargada e tão movediça, limitamo-nos a divulgar elementos referentes a 1991, recolhidos pela Universidade de Aveiro (junto da JNICT) que tem tido iniciativas no sentido de reunir cientistas portugueses que trabalham no estrangeiro.

Podemos identificar os 47 cientistas portugueses a trabalhar no estrangeiro no ano de 1991 e dar a sua distribuição por áreas do saber e países de acolhimento. 18 em Ciências Exactas e Tecnologia: França (7), EUA (6), Brasil (2), Reino Unido (1), Alemanha (1) e Bélgica (1). 16 em Ciências da Vida: EUA (4), França (3), Reino Unido (6), Holanda (1), Brasil (1) e Moçambique (1). 13 em Ciências Sociais e Humanas: França (5), Suíça (4), Reino Unido (2), EUA (1) e Moçambique (1).

separador

* Manuel Barroso

Licenciado em Filosofia e Ciências da Educação. Doutorando em Pedagogia. Docente na UAL.

* Inês da Costa Pessoa

Licenciada em Sociologia pela UAL. Assistente de Investigação no Observatório de Relações Exteriores da UAL.

separador

Dados adicionais
Gráficos / Tabelas / Imagens / Infografia / Mapas
(clique nos links disponíveis)

Link em nova janela Alunos estrangeiros, de minorias étnicas e ex-emigrantes no ensino básico das escolas portuguesas (só continente) em 1995-96

Link em nova janela Países de destino dos bolseiros Eramus no ano lectivo 1995/96 - Bolseiros do Eramus no estrangeiro 1987/95

Link em nova janela Bolsas concedidas pelo Instituto Camões para participação em conferências e seninários em universidades estrangeiras. 1995

Link em nova janela Equivalências a doutoramento, por área científica, segundo o país do doutoramento, de 1970 a 1992

Link em nova janela Bolsas para o estrangeiro no âmbito do programa Ciência 1990/93

Topo Seta de topo

 

- Arquivo -
Clique na edição que quer consultar
(anos 1997 a 2004)
_____________

2004

2003

2002

2001

1999-2000

1998

1998 Supl. Forças Armadas

1997
 
  Programa Operacional Sociedade de Informação Público Universidade Autónoma de Lisboa União Europeia/FEDER Portugal Digital Patrocionadores