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Janus 1997



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Exportações

Manuel Farto e Luís Graça *

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O comércio externo de Portugal manteve em 1995 duas tendências gerais desenhadas anteriormente: um ritmo de crescimento significativo, com aumento do grau de abertura da economia ao exterior, e uma reorientação a favor da opção continental de adesão à União Europeia, preterindo a forte tradição marítima e atlântica. Em relação às exportações, verificou-se um crescimento face ao ano anterior de 14,75%, atingindo os 3.414,5 milhões de contos, segundo dados preliminares do INE, o que representa 22% do Produto Interno Bruto.

O grau de concentração das nossas exportações é igualmente elevado e crescente. Tendo em consideração os principais blocos e organizações económicas mundiais, a União Europeia constitui o principal destino dos nossos produtos, representando actualmente 80,1% (68,8% em 1985) do total das nossas exportações. A abolição das fronteiras e das barreiras à livre circulação das mercadorias e os incentivos à produção comunitária criaram condições para os diferentes países definirem como mercado-alvo este vasto conjunto de consumidores que se chama "Europa dos 15".

Por países, a Alemanha consolidou em 95 a sua posição de primeiro mercado para os nossos produtos (27% do total da UE), com um crescimento muito significativo (31,2%), devido, em grande parte, à plena entrada em funcionamento da Auto-Europa. No comércio intracomunitário destacam-se também as exportações para Espanha (18,4% do total da UE, com um crescimento de 16,8%), França (17,4%, e uma variação de 9,0%) e Reino Unido (13,7%, com uma variação de 8,8%). Embora sem grande expressão, a saída de produtos portugueses para a Bélgica/Luxemburgo e para a Irlanda diminuiu de 3,1% e 7,4% respectivamente.

No que diz respeito aos países terceiros, a NAFTA ocupa a primeira posição nas nossas exportações, representando 5,25% do total global, com um grande protagonismo dos EUA (4,63%) embora com uma acentuada tendência declinante. Com efeito, em 1985, os EUA eram o nosso maior parceiro "não-comunitário", representando cerca de 10% das nossas exportações. A nossa integração na Europa, a par das medidas internas de protecção à economia americana, contribuiu para este progressivo "afastamento" comercial.

As nossas exportações para a Zona Ásia (Japão + NICs + ASEAN) cresceram 31,41% em relação a 94, representando cerca de 2% do total das saídas neste ano.

Os produtos destinados ao Mercosul sofreram igualmente um forte crescimento (37,7%), fruto de uma gradual aproximação desta organização económica à União Europeia, embora o seu peso na estrutura global seja bastante reduzido (1%). Os PALOP (ver Informação Complementar) estabilizaram a sua importância como destino dos produtos portugueses a um nível modesto (2,5%), inferior ao que representavam em 1985 (3,9%); a instabilidade e os conflitos internos em Angola e Moçambique estão longe de explicar uma tão modesta actividade exportadora portuguesa.

As exportações para a EFTA (nova constituição) cresceram em 95 (20,74%), tendo um peso de aproximadamente 3% do total exportado. Apesar da saída da Suécia, Finlândia e Áustria, conseguimos reforçar as vendas de produtos para os restantes países da EFTA, com destaque para a Noruega e Suíça.

A nossa relação comercial com a OPEP é altamente deficitária, tendo inclusive diminuído em 95 o nosso volume de exportações (9,24%), situando-se num peso relativo próximo dos 0,7% do total. Em termos de grandes categorias económicas, predominam as exportações de bens de consumo, com 43,3% das exportações totais em 1995, embora perdendo terreno (representavam 47,5%) para os bens de equipamento.

As vendas ao exterior de bens de equipamento subiram fortemente (52%) em 1995, representando 20,9% do total, sendo o material de transporte o principal responsável com um crescimento de 56,3% das exportações em bens de equipamento. Esta alteração estrutural relaciona-se com o início da exportação de viaturas do projecto Auto-Europa.

As exportações de combustíveis têm-se mantido estáveis a um nível muito modesto com tendência estagnante, representando 3,2% do total das exportações em 1995. Igualmente se mantiveram estáveis as vendas de produtos intermédios, representando 32,6% do total exportado, dos quais sobressaem os produtos transformados que, apesar do ligeiro acréscimo em 1995, representam mais de 91%, enquanto os produtos primários se quedavam a um nível inferior a 9%. A análise da estrutura e da tipologia de produtos exportados pelo nosso país em 1995 sugere duas tendências gerais: uma maior diversificação, com redução do peso das exportações mais importantes, e quebra relativa das indústrias tradicionais.

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Os Materiais Têxteis e suas Obras detêm ainda o maior peso nas nossas exportações, representando cerca de 23,3% do total (contra 29,4% em 1985). Apesar do pequeno crescimento verificado em 1995 (2,6%), são notórias as dificuldades que enfrenta este sector de actividade para se manter competitivo face à concorrência, especialmente dos países asiáticos, o que lhe condiciona o seu potencial crescimento.

Um outro sector tradicional importante, claramente em quebra, é o Calçado que diminuiu 4,46% em 95 e viu reduzido o seu peso no total (7,95%). Além disso, quer as Indústrias Alimentares, quer a Madeira e Cortiça, com um peso semelhante (de mais ou menos 4,5%), registaram crescimentos igualmente modestos, na casa dos 5 pontos percentuais. Uma área importante onde se registaram melhorias significativas, depois dos maus anos anteriores, foi a das Pastas de Madeira, Papel e Cartão, onde as exportações cresceram 31,27% e representam 6,35% do total de saídas de produtos portugueses em 1995, parecendo em vias de ultrapassar a difícil conjuntura anterior.

As Máquinas, Aparelhos e Material Eléctrico são o segundo grupo de produtos mais importante em termos de exportação, com um forte crescimento (26,8%) e com um peso de 17,4% do total (11,7% em 1985). Este comportamento deve-se sobretudo ao Material de Transporte onde se dá o maior crescimento (83%), atingindo um peso de 10% na estrutura das exportações (3,83% em 1994). Se é certo que o subsector naval deu a sua contribuição com um crescimento de 71,9%, é igualmente verdade que se manteve ainda numa posição modesta, distante da sua importância passada. Em conclusão, para além de afirmar as tendências anteriores, o ano de 1995 trouxe uma grande novidade para as exportações portuguesas que dá pelo nome de Auto-Europa.

 

Informação Complementar

PALOP: um mercado ainda modesto

Os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa constituem um mercado potencialmente importante para os produtos portugueses, dependendo o seu desenvolvimento, sobretudo, da capacidade daqueles países em construir uma estabilidade política e social duradoura e em prosseguir um caminho de desenvolvimento económico sustentado; e, por outro lado, da capacidade de Portugal para rentabilizar as vantagens competitivas que factores linguísticos ou, simplesmente, de conhecimento do "terreno" podem gerar.

Na ausência das condições referidas, as nossas exportações para estes países só poderiam situar-se a níveis modestos. No seu conjunto, foram responsáveis pela absorção de 2,5% das exportações nacionais em 1995, com um volume transaccionado de aproximadamente 85 milhões de contos e um crescimento de 10,4% em relação a 1994. As exportações para Angola, que representam 61,5% do total das exportações para as ex-colónias, cresceram 6,8%. Com a consolidação do processo de paz e a reconstrução do país abriram-se as portas de um vasto mercado, num espaço económico de recursos muito vastos.

Com Moçambique, a realidade é diferente e ainda mais preocupante. Para o país com um dos rendimentos "per capita" mais baixos do mundo foram somente 8,8% do total dos produtos destinados a estas paragens africanas. Foi para Cabo-verde que a saída de produtos mais cresceu em 1995 (28,78%), com as exportações a situarem-se nos 18 milhões de contos. Apesar de não ser um mercado muito grande, trata-se de um país onde a estabilidade política tem permitido o seu gradual desenvolvimento, muito alicerçado na capacidade económica que a comunidade espalhada por todo o mundo tem "amealhado".

Com a Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe a relação foi distinta. No primeiro caso verificou-se uma diminuição das exportações portuguesas (- 11,8%). No segundo caso, apesar de se ter verificado um crescimento assinalável das compras a Portugal, trata-se de um valor irrisório (3% das nossas exportações para estes países africanos). Em ambos os casos trata-se de países ainda com enormes carências ao nível das necessidades básicas.

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* Manuel Farto

Doutorado em Economia, Paris X. Docente no ISEG e na UAL.

* Luís Graça

Licenciado em Economia pelo ISEG. Controller de Gestão.

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Dados adicionais
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