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A criação do EEI tornou-se desde então um objectivo central da política de investigação da União, incorporada quer nos Programas-Quadro seguintes (6.º e 7.º), quer na própria Agenda de Lisboa. A proposta da criação do EEI não só incorpora a visão de uma coordenação mais aprofundada, incluindo o Método Aberto de Coordenação, como é também um instrumento central para atingir o objectivo da Agenda de Lisboa de tornar a UE “a economia baseada no conhecimento mais competitiva e dinâmica no mundo”, combinando crescimento económico com coesão social. Os resultados até ao presente neste domínio são relativamente limitados, sendo certo que estes se devem não tanto a defeitos da concepção desta política, mas em grande parte ao novo contexto para a sua implementação, com a emergência da China e da Índia como importantes actores na arena económica e também crescentemente nas arenas da investigação e da inovação. As principais áreas de intervenção dinamizadas para a implementação do EEI são apresentadas em caixa separada, juntamente com as principais iniciativas. O EEI, o 7.º PQ e o PIC O 7.º PQ corresponde a uma nova estratégia para a implementação do EEI, reforçando as ligações entre investigação, ensino, e inovação. Embora mantendo a sua estrutura essencial, e o foco na investigação e desenvolvimento tecnológico, a sua conjugação com o Programa Inovação e Competitividade (PIC) permite alargar-lhe o âmbito e diversidade. Continuando a financiar essencialmente projectos em colaboração (cerca de 2/3 do orçamento), destacam-se quatro características do 7.º PQ que poderão influenciar de modo positivo a implementação do EEI: • a criação do Conselho Europeu de Investigação (ERC), através do programa Ideias, correspondendo a 15% do orçamento, fortalece a dimensão europeia das políticas de investigação de um modo aberto e competitivo, não requerendo projectos em colaboração europeia, e poderá ter um importante impacto na selecção de projectos de elevada qualidade e na atracção de jovens investigadores para a Europa, uma das prioridades estratégicas do ERC; o primeiro convite teve um número de propostas muito superior ao esperado, o que é desde já um sinal positivo; • o fortalecimento das ligações com a indústria, nomeadamente no contexto das Iniciativas Tecnológicas Conjuntas identificadas em colaboração com a indústria, esperando-se que contribuam para combater o chamado ‘paradoxo Europeu' (mesmo que empolado), contribuindo para uma mais forte ligação entre investigação e competitivdade; no entanto, particular atenção deve ser dada às regras de concorrência e coesão (incluindo participação de PME, interesse público versus interesse privado; • a continuação das iniciativas de coordenação das políticas, aprofundando as actuais ERA-NET e encorajando o recurso ao Art. 169; • a introdução de um novo mecanismo financeiro, em colaboração com o Banco Europeu de Investimento, o mecanismo de financiamento da partilha de risco, esperando-se que contribua para aumentar assim o financiamento disponível para investigação e para a sua exploração comercial. Como foi dito, e é mais detalhadamente analisado noutro texto, também a existência paralela do Programa Competitividade e Inovação, mesmo que com um financiamento muito inferior, deverá contribuir para um maior sucesso do 7.º PQ na implementação do EEI, melhorando o acesso das PME a fontes externas de financiamento, estimulando a sua participação no 7.º PQ e promovendo a inovação e o empreendedorismo, nomeadamente nas áreas das sociedade da informação e da energia.
Portugal e o EEI Portugal tem tido um importante papel na construção do EEI, desde logo através da sua contribuição para a aprovação da Agenda de Lisboa, de que o EEI é parte integrante. No entanto, a nível nacional, a adopção do EEI nas orientações estratégicas e na sua implementação prática tem sido diversificada. Se algumas iniciativas têm recebido desde logo um forte apoio nacional, como por exemplo o ERC, outras têm sido recebidas com reserva, nomeadamente alguns dos novos instrumentos de grande dimensão financeira. Estão aqui em jogo duas tendências opostas na implementação do EEI: a promoção da coordenação com atenção à diversidade do espaço europeu e uma coordenação efectuada através de uma maior concentração de recursos e diminuição da participação dos Estados-membros. Este dilema, em que os pequenos países como Portugal poderão ser mais afectados, tem vindo a ser equilibrado não só na governação das políticas europeias, garantindo a participação efectiva dos Estados-membros nos processos de decisão, mas também, na diversidade dos instrumentos, conjugando dimensão e colaboração, mas garantindo sempre como critério central a qualidade dos projectos. Tendo agora uma maior concorrência pelos novos Estados membros, a comunidade científica tem vindo a reorganizar-se, ganhando massa crítica a nível das instituições, com vista a aumentar a sua participação a nível europeu, a qual tem vindo a decrescer recentemente. Se ao nível da política europeia Portugal tem sido particularmente activo, a nível nacional o impacto da criação do EEI tem sido variável. Se, no discurso directo, tem havido uma quase ausência do EEI dos documentos estratégicos nacionais (que mais facilmente reflectem o objectivo 3%), indirectamente algumas iniciativas recentes estão claramente imbuídas do espírito de maior e melhor coordenação que caracteriza o EEI. São disto exemplo, recentemente, a maior ênfase na coordenação dos recursos nacionais, nomeadamente ao nível de equipamentos de investigação, a consolidação da rede de centros de investigação, permitindo uma maior massa crítica, o fomento da mobilidade, ou a criação do Laboratório Ibérico de Investigação em Nanotecnologia, implementando na prática a coordenação transnacional. Por outro lado, os acordos recentes com universidades norte-americanas posicionam Portugal claramente num espaço mais alargado, mesmo que reflectindo o contexto semelhante da identificação dos EUA como líder e modelo para as políticas de investigação europeias. O grande desafio da implementação do EEI é a sua efectiva transformação, que já se discute, em Espaço Europeu da Educação, Investigação e Inovação.Informação Complementar Principais áreas temáticas de dinamização do Espaço Europeu de Investigação e principais iniciativas comunitárias respectivas Coordenação de recursos e equipamentos Coordenação de políticas de investigação Maior dinamismo no investimento privado Atracção e mobilidade de recursos humanos na Europa Governação do Espaço Europeu de Investigação Participação portuguesa nos programas-quadro de IDT da UE As Figuras 1 e 2 apresentam dados relativos à participação portuguesa nos PQ da UE. Segundo a Figura 1 constata-se que o nível de participação portuguesa nos projectos decresceu entre o 4.º e o 5.º PQ, subindo com os primeiros anos de implementação do 6.º PQ – o decrescimento no número total de projectos resulta em parte de os dados serem parciais, mas também da implementação dos novos instrumentos, com vista a contribuir para a estruturação do EEI, nomeadamente os Projectos Integrados e as Redes de Excelência, ambos instrumentos de grande dimensão, e que assim contribuem para uma menor pulverização da implementação num número alargado de projectos de menor dimensão. Já a Figura 2 revela que a maior percentagem de participação portuguesa se deve precisamente à participação nestes novos instrumentos. No entanto, não é certo que esta participação numa maior percentagem de projectos, sendo essencial a uma estratégia nacional de inserção no EEI, corresponda a um maior retorno, visto que por vezes se dilui em grandes projectos. Se nas Redes de Excelência tal não parece acontecer, nos Projectos Integrados a participação é menor do que a média nacional, e o financiamento para os participantes portugueses bastante menor do que a percentagem da sua participação, tipicamente devido a uma reduzida participação industrial. Resta salientar, relativamente a esta dimensão, a importância dos instrumentos directamente dirigidos a PMEs, que têm tido uma elevada procura nacional. * Tiago Santos Pereira Doutor em Estudos de Políticas de Ciência e Tecnologia pelo SPRU, Universidade de Sussex. Investigador e Director Executivo do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra. Co-coordenador do Programa de Doutoramento ‘Governação, Conhecimento e Inovação', em parceria entre o Centro de Estudos Sociais e a Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.
** Vítor Corado Simões Professor do ISEG – Instituto Superior de Economia e Gestão, Universidade Técnica de Lisboa. Participação portuguesa nos 4.º, 5.º e 6.º programas (Figura 1) Distribuição participação portuguesa (Figura 2)
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